Das delicadezas do amor

Um acúmulo bonito de coisas que não consigo nem mostrar.

16 de julho de 2010

Ontem, minha avó fez anos. Teve festa com bolo e canudinho de doce de leite. Ela ficou na ponta da mesa, quieta. Prefere ouvir o barulho das pessoas. Algumas envelheceram mais rápido. Eu também queria parar o tempo, vó, congelar as vozes, os risos. O bisneto correndo pela casa, quebrando coisas. Como uma fotografia: “Isso também fere.”
Eu me lembro de quando era pequena e brincávamos de fazer túneis no canteiro de terra que não dava flores. Minha mão cavando em direção à mão de minha avó, até as duas se tocarem debaixo da terra. Vovó então dizia: “Encontramos”. Encontramos, vó, é contra nós que o tempo despeja toda a sua fúria, agora, muito. E fere, em nosso entrecruzar de olhos sobre a mesa.
Mas é uma ferida imperceptível.

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