Das delicadezas do amor

Um acúmulo bonito de coisas que não consigo nem mostrar.

12 de janeiro de 2011

Atravessaria três desertos para ouvir alguém dizer isso. E, então percebi uma das verdades mais lindas da terra. – A perfeita solidão há que ter a presença numerosa de um amigo real. Conversamos de tudo. Houve um momento em que ele abriu seu coração. Fala:
- “A morte do meu pai.”
E acrescenta como quem pede desculpas:
- “ Ainda não me recuperei”.
Por um momento tive vontade de pedir-lhe:
- Nem se recupere, Nunca, nunca.
”Eis a nossa degradação:- sofrer de menos, cada vez menos, até esquecer.
Desde menino sou um fascinado pela grande dor (acho que a grande dor não passa jamais).
E não disse nada, não lhe fiz o apêlo: - "Sofra, sofra.”
Temos um medo tão idiota do sofrimento, e são poucos nossos instantes de tristeza total!
Como é bom o doer de velhas penas.

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Nelson Rodrigues

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